Tremam, vilões! Ou super-heróis chegaram para vos eliminar… ou não!
Justice League soma um grupo de conhecidos super-heróis na luta contra o mal, como não poderia deixar de ser. O resultado é um jogo de acção old school, que bem poderia ter saído de uma máquina árcade. Acção pura e dura, em cenários labirínticos numa experiência a dois, não faltando alguns elementos simples de RPG. Mas serão estes ingredientes suficientes para manter o interesse até ao seu término? Acompanhem esta nossa odisseia na pele do Super-Homem, Batman e companhia…
Não bastava termos os nossos super-heróis favoritos a protagonizarem os seus respectivos videojogos. Agora eles aparecem em grupos, fazendo alianças. A tendência é para continuar, como vimos no recente Marvel Alliance, onde muitas das figuras conhecidas do universo de banda desenhada se juntam para enfrentar inimigos poderosos em conflitos de proporções épicas. Este tipo de ligas de super-heróis é uma forma recorrente das principais companhias de banda-desenhada catalizarem todos os fãs num universo conjunto, com aventuras próprias. Temos visto The Avengers, X-Men, Fantastic Four e Justice League como alguns exemplos desses grupos.
Os nossos velhos conhecidos!
Justice League Heroes, criado pela Snowblind Studios para a Eidos, serve como uma espécie de resposta da DC Comics aos constantes títulos produzidos baseados na rival Marvel. Apesar de não ser tão solicitada como a Marvel, a DC mantém no seu espólio duas das mais emblemáticas personagens - Batman e Super-Homem, ambos com novos filmes recentemente, e claro, adaptações lúdicas. Para quem não conhece a Liga de Justiça, trata-se de um grupo de heróis bem conhecidos do universo DC Comics, encabeçado por Super-Homem, Batman, Mulher-Maravilha, Flash, Lanterna Verde, Zatanna e outros elementos menos mediáticos como Aquaman, Arqueiro Verde, Homem-Falcão, etc.
O jogo oferece-nos mesmo a experiência de controlarmos todos estes heróis, sendo alguns apenas desbloqueados ao longo da campanha. Em questão está o vilão Brainiac, um dos mais perigosos arqui-inimigos do Super-homem, numa nova demanda de destruição do planeta, mas algo mais está por trás das suas acções. Pelo caminho os super-heróis irão encontrar uma série de outros vilões conhecidos do universo DC no formato de bosses, como um clone de Doomsday (aquele que matou uma vez Super-Homem), Darkseid, The Key ou Killer Frost, para mencionar apenas alguns. Fica a nota que a história deste título foi escrita por Dwayne McDuffie, o mesmo que tem sustentado a série animada Justice League Unlimited.
Justice League é assim um jogo de acção, com a possibilidade de jogarmos toda a história com um amigo. Quando isso não é possível a inteligência artificial assume o controlo da segunda personagem, mas mantendo em aberto a entrada e saída do outro jogador a qualquer altura. A qualquer momento podemos alternar entre as duas personagens presentes na acção, assim como mudar o seu comportamento, de livre a moderado, ou seja, se usa os seus poderes livremente ou de forma mais contida. No entanto existem alguns problemas na IA do companheiro, como ficarem facilmente presos no cenário, graças a um pathfinder pouco afinado, além da dificuldade em se manter vivo quando rodeado de inimigos. Muito disto deve-se ao facto do dano produzido ser muito inferior do que quando a controlamos directamente.
Pseudo-RPG recheado de acção pura e dura
O jogo é visto numa perspectiva isométrica, mas permitindo-nos rodar a câmara livremente e fazer zooms para observar melhor a acção, ou os arredores da mesma. A escolha desta perspectiva limita um pouco o campo de visão, principalmente se estiverem a jogar numa televisão apenas com suporte 4:3. Mas é de facto a melhor escolha para manter as duas personagens no mesmo ecrã, evitando a divisão de ecrã durante as partidas em cooperação com um amigo.
Como devem esperar, o jogo é linear, com os heróis a serem bombardeados constantemente com inimigos enquanto exploram o nível. Em todos eles temos de explorar o cenário labiríntico, achando a saída do mesmo, lutando contra ocasionais bosses no fim do capítulo. Os níveis são um pouco labirínticos e tendem a fazer-nos perder o rumo, principalmente pelo ângulo de câmara que nos é submetido, e por isso a inclusão de um mini-mapa transparente que vai sendo desenhado pelos locais que passamos é uma boa implementação. Pelo caminho teremos porventura de salvar pessoas inocentes ou destruir alvos estratégicos do inimigo. Seja como for, não deixamos de sentir que o jogo se torna repetitivo a médio prazo. No entanto, o sistema de checkpoints grava também a posição, caso queiram fazer uma pausa.
Mas o que devem querer saber é relativo aos protagonistas, os super-heróis e os seus poderes. Infelizmente a produtora enveredou pelo mais fácil na recriação dos protagonistas. Ou seja, definiu uma estrutura de golpes idênticos para todas elas, com o mesmo layout de botões, e depois adaptou os respectivos poderes a cada uma, tornando-os distintos. Só que em termos práticos todos se comportam sensivelmente da mesma forma na maioria dos seus golpes. Por exemplo, todos eles têm um golpe primário mais rápido e um secundário mais lento e poderoso. Todas elas voam ou dão saltos especiais (Batman plana com a sua capa), e todos têm vários golpes únicos, mas despoletados da mesma forma. Com isto quero dizer que uma vez jogado com uma personagem, as outras comportam-se de forma semelhante. Não é que seja uma má opção, mas depois de termos experimentado as primeiras personagens, as novidades esgotam-se.
Os combates corpo-a-corpo parecem todos semelhantes, com poucos combos disponíveis. Andar ao murro ou pontapé não é tão interessante como parece. Felizmente existem alguns truques de assinatura únicos para cada personagem, o que torna a experiência bem mais divertida. O Super-Homem por exemplo, pode usar a sua visão de calor ou super-sopro, enquanto a Mulher-Maravilha executa ataques com o seu laço místico. Já Batman recorre ao seu Batarang como ataque especial e o Lanterna Verde aos poderes místicos do seu anel. O meu preferido é Flash, que executa ataques rápidos graças à sua super-velocidade. Todos estes golpes utilizam uma energia especial que recarrega passados alguns segundos (tal como a vitalidade da personagem). Para os activar basta premir o gatilho esquerdo ou o L1 na PS2, em conjunto com os botões de ataque. Podem escolher os poderes a usar, no menu da personagem. O seu uso poderá dar a volta a alguns momentos mais difíceis, por isso habituem-se ao seu uso.
Como não podia deixar de ser, todas as personagens evoluem ao longo da história, ganhando experiência através da recolha de umas esferas deixadas pelos inimigos. Sempre que sobem um nível ganham um ponto que pode ser usado para melhorar algum dos poderes da personagem, ou desbloquear novos. Terão ainda de procurar escudos que servem como moeda de troca para fatos alternativos dos super-heróis ou mesmo para desbloquear novas personagens como o Aquaman, por exemplo. Com isto aproveito para dizer que o jogo se encontra dividido em duas partes: a primeira onde somos incumbidos de controlar personagens predefinidas, sem qualquer hipótese de escolha, um pouco derivado à estrutura dos níveis. Já na segunda metade do jogo iremos formar equipas de duas personagens à nossa escolha, já que vamos participar em missões com várias frentes de combate.
Existe ainda um aspecto estratégico que os jogadores poderão definir. Trata-se de pequenos boosts que iremos recolher, que servem para enaltecer determinado poder. Estes podem afectar vários parâmetros das personagens como o dano efectuado, a velocidade, etc. Assim, se quiserem concentrar toda a força da personagem num parâmetro, podem recorrer até três boosts em simultâneo. Este factor permite-nos definir a forma como a nossa personagem age durante a acção e é uma boa adição.
A interacção com o cenário é um dos pontos mais interessantes do jogo, já que praticamente todos os elementos são destrutíveis, assim como usados como armas. Personagens mais fortes como o Super-Homem, por exemplo, pode pegar em viaturas e arremessá-las aos inimigos, assim como outros podem pegar em caixotes de lixo, postes de electricidade, etc. Praticamente tudo o que está no cenário pode ser usado. Se os fãs irão reconhecer super-heróis e vilões no jogo, também se sentirão confortáveis com as localizações escolhidas, desde as ruas da cidade de Metropolis, a cidade dos gorilas ou o laboratório da S.T.A.R., entre outros.
As animações em geral são muito boas durante os combates e os efeitos dos poderes igualmente. Durante os vários capítulos do jogo somos bombardeados com inúmeras sequências animadas muito interessantes, mantendo o jogador a par dos acontecimentos da história. Mesmo os diálogos entre as personagens estão bem produzidos e cheios de humor, principalmente pelos actores envolvidos possuirem uma longa experiência neste trabalho. Temos vozes conhecidas como a de Ron Pearlman (Hellboy) a dar vida a Batman. Experimentem ainda manter as personagens paradas por algum tempo e vão escutar algumas bocas interessantes. As melodias que envolvem a acção são discretas, mas mantêm aquele envolvimento interessante e necessário. Contem com sons ambiente baseados em sintetizadores, orquestrações ou simplesmente batidas de rock.
Justice League Heroes é um bom jogo, mas peca por alguns problemas. A extrema repetição da acção torna-se cansativa a meio da campanha, principalmente se enveredarem pelo jogo solitário. Já com um amigo as coisas tornam-se bem mais divertidas. A caracterização das personagens é excelente, mas o controlo da segunda personagem pela inteligência artificial tem alguns problemas. Fica o mote para a DC disponibilizar mais personagens do seu portfolio para futuras aventuras. O Super-Homem já anda por aí no seu novo jogo.
(fonte:PTgamers)
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